giovedì

:: Amo...













Tal vez consumirá a luz de Janeiro,



seu raio cruel meu coração inteiro,



roubando-me a chave do sossego,



nesta história só eu me morro,



e morrerei de amor porque te quero,



porque te quero amor,



a sangue e fogo.
Nega-me o pão,



o ar,a luz, a primavera,



mas nunca o teu riso,



porque então morreria.
Os teus pés



Quando não te posso contemplar



Contemplo os teus pés.



Teus pés de osso arqueado,



Teus pequenos pés duros,



Eu sei que te sustentam



E que teu doce peso



Sobre eles se ergue.



Tua cintura e teus seios,



A duplicada purpura



Dos teus mamilos,



A caixa dos teus olhos



Que há pouco levantaram voo,



A larga boca de fruta,



Tua rubra cabeleira,



Pequena torre minha.



Mas se amo os teus pés



É só porque andaram



Sobre a terra e sobre



O vento e sobre a água,



Até me encontrarem.
Pablo Neruda