martedì

:: Faz-me...


Faz-me o favor de não dizer

absolutamente nada!

Supor o que dirá

Tua boca velada

é ouvir-te já.

É ouvir-te melhor

Do que o dirias.

O que és não vem à flor

Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!

Do que tu.

Não digas nada.

Sê Alma do corpo nu

Que do espelho se vê.

Mário Cesariny de Vasconcelos

sabato

:: Chanel...














Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
em que de penetrar-te me senti perdido
no ter-te para sempre
-Quanto de ter-te me possui em tudo
o que eu deseje ou veja não pensando em ti
no abraço a que me entrego
-Quanto de entrega é como um rosto aberto,
sem olhos e sem boca,
só expressão dorida
de quem é como a morte
-Quanto de morte recebi de ti
na pura perda de possuir-te em vão
de amor que nos traiu
-Quanta traição existe em possuir-se a gente
sem conhecer que o corpo não conhece
mais que o sentir-se noutro
-Quanto sentir-te e me sentires não foi
senão o encontro eterno que nenhuma imagem
jamais separará
-Quanto de separados viveremos noutros
esse momento que nos mata para
quem não nos seja e só
-Quanto de solidão é este estar-se em tudo
como na ausência indestrutível que
nos faz ser um no outro
-Quanto de ser-se ou se não ser o outro
é para sempre a única certeza
que nos confina em vida
-Quanto de vida consumimos pura
no horror e na miséria de, possuindo, sermos
a terra que outros pisam
-Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
recebo gratamente como se recebe
não a morte ou a vida, mas a descoberta
de nada haver onde um de nós não esteja.
Jorge de Sena

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domenica

:: Jean - Baptiste Mondino...


Fotógrafo francês Jean-Baptiste Mondino além de ser uma referência em campanhas de moda (Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Christian Dior, Kenzo, Calvin Klein, ....) também actua como stylist e diretor de comerciais de perfumes e videoclipes. Já trabalhou com Björk, Neneh Cherry, Missy Elliott, U2, REM, Garbage, Alanis Morissette, Madonna, David Bowie, dentre outros...
Veja o site!

:: Chanel....







:: Chanel...


giovedì

:: Chanel....



Mulher, talvez 20 anos.Mulher dos anos 20, com certeza.O vestido leve de seda tubular resvala-lhe pela dobra escandalosa do joelho. Livre dos espartilhos usados até o final do século XIX, já mostra as pernas, os braços e usa maquilagem. Pinta a boca a carmim, para parecer um arco de cupido ou um coração. Marca bem os olhos, tira as sobrancelhas e modela-as a lápis, contrastando o efeito com uma pele enfarinhadamente branca.
O instinto de sair à noite, como um homem, faz dela noctívaga atraída pelos salões com Jazz-bands onde o estonteante ritmo do Charleston se dança. Já não quer ser fada do lar e troca o avental e os bordados pelo brilho das pérolas e o glamour das plumas. Não tem curvas nem seios e a anca é preferencialmente pequena. Fuma também em cigarrilha, gosta das novidades do cinema e da rádio, segue à risca o que aparece nos anúncios publicitários e nas revistas femininas da época e assassina as normas do eterno visual feminino à tesourada, vingando-se no comprimento dos cabelos, sem piedade.
Aparece então um novo adorno em voga: o chapéu, enterrado até os olhos e usado com os tais cabelos curtíssimos à Garçonne.
O resto do mundo vibrava com a nova aparência da sociedade feminina dos anos 20, que imitava Hollywood e as suas vedetas. Se os homens queriam ser como
Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks, as mulheres copiavam fielmente as roupas das actrizes Gloria Swanson e Mary Pickford e imitavam os gestos da provocante cantora e dançarina Josephine Baker, sempre adornada por trajes ousados. Havia ainda uma nova estilista, Coco Chanel, que teimava em fazer combinar o pouco cabelo com boinas e colares compridos. Mas em Portugal, esse país de brandos costumes e casas hospitaleiras sempre com pão e vinho sobre a mesa, chamou-se genuinamente ao corte arrapazado francês «corte à Joãozinho». Uma modernice vinda de fora que estava perto da «pouca vergonha», tinha inventado a Maria Rapaz e «colocou em perigo o símbolo da feminilidade, insinuou uma indefinição dos sexos e criou seres revolucionários que põem em causa a ordem social instituída, as normas e os preceitos em vigor e induziu atitudes transgressivas associadas à masculinização da mulher».A exigência da modernização da aparência feminina apoiada por sinais de rebeldia, irreverência, inconformismo e ousadia contra o espadachim da moral e da censura que acusava a nova tendência de ir contra os cânones da feminilidade através de uma «suposta androginia e uma virilização da mulher assumida com contornos difusos» são as ideias base para o último trabalho de Gabriela Mota Marques que conta com edição da Livros Horizonte.

lunedì

:: Tudo...


...Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer,

tudo gasta, tudo digere, tudo acaba...

São as feições como as vidas,

que não há mais certo sinal de haverem

de durar pouco, que terem durado muito.

São como as linhas, que partem do centro para a circunferência,

que quanto mais continuadas, tanto menos unidas.

Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino;

porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho.

De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira;

embota-lhe as setas, com que já não fere;

abre-lhe os olhos com que vê o que não via;

e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge.

A razão natural de toda esta diferença

é porque o tempo tira novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos,

enfastia-lhe o gosto, e bastam que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?!

O mesmo amar é causa de não amar

e o ter amado muito, de amar menos...


António Vieira, Sermão do Mandato, 1643

:: Descubra...

Aqui!!!

domenica

:: Chanel...

::Chanel...

www.chanel.com

:: Amigo...




Mal nos conhecemos


Inauguramos a palavra amigo!


Amigo é um sorriso


De boca em boca,


Um olhar bem limpo


Uma casa, mesmo modesta,


que se oferece.


Um coração pronto a pulsar




Na nossa mão!


Amigo (recordam-se, vocês aí,Escrupulosos detritos?)


Amigo é o contrário de inimigo!


Amigo é o erro corrigido,


Não o erro perseguido, explorado.


É a verdade partilhada, praticada.


Amigo é a solidão derrotada!


Amigo é uma grande tarefa,


Um trabalho sem fim,


Um espaço útil, um tempo fértil,


Amigo vai ser,


é já uma grande festa!


Alexandre O'Neil


:: Chanel para Maiores...


http://www.planog.com/?p=307
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giovedì

:: Amo...













Tal vez consumirá a luz de Janeiro,



seu raio cruel meu coração inteiro,



roubando-me a chave do sossego,



nesta história só eu me morro,



e morrerei de amor porque te quero,



porque te quero amor,



a sangue e fogo.
Nega-me o pão,



o ar,a luz, a primavera,



mas nunca o teu riso,



porque então morreria.
Os teus pés



Quando não te posso contemplar



Contemplo os teus pés.



Teus pés de osso arqueado,



Teus pequenos pés duros,



Eu sei que te sustentam



E que teu doce peso



Sobre eles se ergue.



Tua cintura e teus seios,



A duplicada purpura



Dos teus mamilos,



A caixa dos teus olhos



Que há pouco levantaram voo,



A larga boca de fruta,



Tua rubra cabeleira,



Pequena torre minha.



Mas se amo os teus pés



É só porque andaram



Sobre a terra e sobre



O vento e sobre a água,



Até me encontrarem.
Pablo Neruda

domenica

:: Lágrimas... Sofridas Muitas...



Lágrimas que tenho chorado a vida inteira,
Às vezes na emoção da alegria incontida,
Lágrimas que jorram da alma incompreendida
Daqueles que têm a dor por companheira.
Lágrimas que tanto marcam as nossas vidas...
Lágrimas de felicidade ou de dor pungente...
Quantas vezes derramei o pranto ardente
Na dor dos adeuses na hora das despedidas.
Lágrimas que lavam a alma de quem chora,
Lágrimas que em minha dor derramo agora,
Oh! Quem dera estas fossem as derradeiras...
Feliz aquele que a sua lágrima derrama...
A lágrima é o símbolo da redenção humana,
Jesus também chorou no Horto das Oliveiras...
Agenor

lunedì

:: Criança que fui...







A criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada.



Deixei-a ali quando vim ser quem sou;



Mas hoje, vendo que o que sou é nada,



Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo?



Quem errou



A vinda tem a regressão errada.



Já não sei de onde vim nem onde estou.



De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar



Um alto monte, de onde possa enfim



O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,



E, ao ver-me tal qual fui ao longe,



achar



Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa

mercoledì

:: No silêncio da Noite...



No silêncio da noite...
No silêncio desta noite quente
(que neste caso está imensamente fria)
Procuro-te num desejo ardente
Preciso sentir-te e dizer-te
Que quero muito ver-te
No silêncio desta noite de luar
Fecho os olhos e fico a pensar
Que tens o sabor do sol e do vento
Que fixas meu olhar ciumento
No silêncio desta noite de emoção
Quero que venhas sentir o meu coração
Batendo forte, ansiando pelo teu
Preciso que também anseies pelo meu
No silêncio desta noite sem fim
Larga tudo e corre até mim
Faz-me sentir o sabor da paixão
Rasgando meu sentimento de solidão
No silêncio desta noite ensurdecedora
Ouço mais do que outrora
Ouço minhas forças e fraquezas
Ouço alegrias e tristezas
No silencio desta noite sem amor
Vou ficar enrolado no cobertor
Esperando por quem não vem
Dando o sono a quem não tem
música: "You Give Me Something"
- James Morrison


:: Baloicando...

Clique e baloice com ele... (Anjo)