venerdì

:: Pecado...


Pecado - Wikipédia
Pecado
Rapaz enamorado um peito não deixa
Velho embasbacado olha para o meio…
Olhar só é pecado quando se desleixa…
Se deixa de apreciar um perfeito seio.

E se for de mulher bela cor de ameixa…
Com beijos enfarinhados de centeio…
Que importa a farinha? Quem se queixa?
- Deixa p´ra lá a janta que hoje não ceio…

Não ceio, o gato tem o peixe e não come…
Ou tem barriga cheia; ou não tem fome
- Anda cá sardinha não voltes para o mar…

Quando a fome é maior que a barriga
Come-se a ameixa, a farinha e a espiga…
E digam lá agora - se foi pecado olhar?

Rogério Simões

É um pecado

Pensar em ti
Do meu coração salta um bocado
Acredita!
Eu senti
Canta uma canção
Porque senão eu me perdiria
Canta que eu sigo esta paixão
Pela tua voz eu me guiaria
Cada tom na tua voz
Cada movimento da tua boca
Alivia um sofrimento atroz
Atiça uma paixão louca
Cada gesto teuInvoca o espírito líric
oCada movimento meu
Tem algo de empírico
Eu sei o que quero
O que desejo não posso ter
Invocarei Homero
Para que nenhum beijo teu, perder
Descobri-te longe de mim
Apenas fico com a tua canção
Voltei a sentir-me assim
Para ti um lugar no meu coração
Oh, doce desconhecida
Beija a minha pior ferida
Cura-me desta realidade
E terás a minha fidelidade
Olhos teus
Seduzem o mais puro homem
Nem rezando a Deus
Me salvam deles

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27 - From the Heart.mp3 - X-Ray Dog

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domenica

:: Poesia...








PROCURA DA POESIA
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,não aquece nem ilumina.As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.Não faças poesia com o corpo,esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.Nem me reveles teus sentimentos,que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a naturezanem os homens em sociedade.Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.Não te aborreças.Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de famíliadesaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhastua sepultada e merencória infância.Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.Que se dissipou, não era poesia.Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.Espera que cada um se realize e consumecom seu poder de palavrae seu poder de silêncio.Não forces o poema a desprender-se do limbo.Não colhas no chão o poema que se perdeu.Não adules o poema. Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentradano espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível, que lhe deres:Trouxeste a chave?
Repara:ermas de melodia e conceitoelas se refugiaram na noite, as palavras.Ainda úmidas e impregnadas de sono,rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade


NÃO SE MATE
Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo:hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Inútil você resistirou mesmo suicidar-se.Não se mate, oh não se mate,reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe quando virão, se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,a noite passou em você, e os recalques se sublimando,lá dentro um barulho inefável,rezas, vitrolas,santos que se persignam, anúncios do melhor sabão, barulho que ninguém sabede quê, pra quê.Entretanto você caminhamelancólico e vertical.Você é a palmeira, você é o grito que ninguém ouviu no teatroe as luzes todas se apagam. O amor no escuro, não, no claro,é sempre triste, meu filho, Carlos, mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.
Carlos Drummond de Andrade

sabato

:: Mulheres...



As mulheres
podem tornar-se facilmente
amigas de um homem;
mas, para manter essa amizade,
torna-se indispensável
o concurso de uma pequena
antipatia física.

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:: Chanel...

domenica

:: Meu Coração...






Meu coração tardou
Meu coração tardou. Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.
Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.
Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.
Fernando Pessoa

sabato

:: Acordo...

Acordo de noite subitamente.
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora,
O meu quarto é uma coisa escura
com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena coisa de engrenagens
que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco
a pensar o que isto significa,
Mas estaco,
e sinto-me sorrir na noite
com os cantos da boca,
Porque a única coisa que o meu relógio
simboliza ou significa
É a curiosa sensação
de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
Fernando Pessoa

venerdì

:: Continuo...


Continuo sempre me inaugurando,
abrindo e fechando círculos de vida,
jogando-os de lado, murchos, cheios de passado.
Por que tão independentes,
por que não se fundem num só bloco, servindo-me de lastro?
É que eram demasiado integrais.
Momentos tão intensos, vermelhos,
condensados neles mesmos
que não precisavam de passado
nem de futuro para existir.
Clarice Lispector



:: Videos Chanel...


:: Há-de flutuar...




Há-de flutuar uma cidade


há-de flutuar


uma cidade no crepúscolo da vida


pensava eu...


como seriam felizes


as mulheres à beira mar


debruçadas para a luz caiada


remendando o pano das velas


espiando o mar e a longitude


do amor embarcado


por vezes uma gaivota


pousava nas águas


outras era o sol que cegava


e um dardo de sangue


alastrava pelo linho


da noite os dias lentíssimos...


sem ninguém


e nunca me disseram


o nome daquele oceano


esperei sentada à porta...


dantes escrevia cartas


punha-me a olhar


a risca de mar


ao fundo da rua assim envelheci...


acreditando que algum homem


ao passar se espantasse


com a minha solidão


(anos mais tarde, recordo agora,


cresceu-me uma pérola no coração.


mas estou só, muito só, não tenho


a quem a deixar.)


um dia houve que


nunca mais avistei cidades


crepusculares e os barcos deixaram


de fazer escala à minha porta


inclino-me de novo para o pano


deste século recomeço a bordar


ou a dormir tanto faz sempre


tive dúvidas que alguma


vez me visite a felicidade


Al Berto

::


sabato

:: Coração...

Fotografia de KASSANDRA

Coração sem imagens
Deito fora as imagens,
Sem ti para

que me servem as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção é igualmente
passageira e verídica.
Preciso habituar-me
ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor
de todos os teus gestos
invisíveis, à canção
que tu cantas
e que mais ninguém
ouve a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem
as imagens assim
como posso passar sem ti.
E hei-de ser feliz a
ainda que isso
não seja ser feliz.
Raul de Carvalho


mercoledì

:: Coco Before Chanel...


Mudança nas datas "Coco before Chanel"será filmado no fim deste ano e lançado só em 2009. agora o poster da divulgação com Linda audrey

domenica

:: A tua sede...


Aqui tens a minha sede.
as águas dos rios
somente satisfazem a urgência maior
e nada diz de ti esse líquido que a sede sacia:
queria beber-te nas ondas do teu ciúme
e despedaçar-me no desejo dos teus lábios
queria alcançar a nuvem e colher a rebeldia
das gotas exaltantes dos teus beijos
queria a ribeira da tua pele como a água
que rebenta das fontes
e unidos na mesma sede alcançar o êxtase
na cintilação dos mesmos horizontes
queria o incêndio escrito na mesma sede
e morrer no martírio de doçuras de amante
aqui tens a minha sede:
fogo e água da tua boca
ardendo no azul duma água murmurante.
Bernardete Costa, aqui

:: Sou...

Fotografia de LADY DEMEN
Sou feita de uma carne perecível
futuro de outra carne,
sem nenhuma eternidade.
A rocha é uma invencível
parte da terra;
que ela me resuma
no seu mesmo destino mineral.
A solidez ausente que tortura
nossa matéria frágil, no final
se renderá: serei de pedra dura.
Nunca mais chorarei nessa passagem
de poesia.
Com nítida certeza,
recorto nas montanhas minha imagem
mais que raiz, expressa na beleza.
Pela terra em que não me desfiguro,
hei de surgir
um dia em cristal puro
Lupe Cotrim

sabato

:: Chanel desfila em Carrossel com ícones da marca


Chanel desfila em carrossel com ícones da marca
- Karl Lagerfeld apresentou nesta sexta-feira a coleção outono-inverno 2008/2009 da Chanel num grande carrossel construído na sala do Grand Palais, na Semana de Moda de Paris. O cenário, mais uma vez, foi um dos destaques do desfile da marca, que, em janeiro, colocou um blazer gigante na passarela da semana de moda de Milão. No lugar dos cavalos de brinquedo do carrossel, foram instalados ícones gigantes da marca, como a jaqueta tweed, as camélias, as pérolas e o perfume Chanel nº 5. Em 2008, Lagerfeld completa 25 anos à frente da maison.Clique aqui e não perca fotogaleria com imagens do desfile As saias, propostas na maioria dos looks, são próximas do corpo e ficam logo acima do joelho. Lagerfeld criou também meias bicolores, com cores claras na parte da frente da perna e escuras na parte de trás, que acompanhavam os sapatos também bicolores da grife. As modelos também desfilaram capas de plástico transparente com detalhes em verniz preto e o tailleur de tweed, num aspecto um pouco detonado.

giovedì

:: A única....




A única rosa
Todas as rosas
são a mesma rosa,
Amor, a única rosa.
E tudo está contido nela,
Breve imagem do mundo,
Amar!
A única rosa.
Juan Ramón Jiménez

Imagens em CALLU

martedì

:: Faz-me...


Faz-me o favor de não dizer

absolutamente nada!

Supor o que dirá

Tua boca velada

é ouvir-te já.

É ouvir-te melhor

Do que o dirias.

O que és não vem à flor

Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!

Do que tu.

Não digas nada.

Sê Alma do corpo nu

Que do espelho se vê.

Mário Cesariny de Vasconcelos

sabato

:: Chanel...














Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
em que de penetrar-te me senti perdido
no ter-te para sempre
-Quanto de ter-te me possui em tudo
o que eu deseje ou veja não pensando em ti
no abraço a que me entrego
-Quanto de entrega é como um rosto aberto,
sem olhos e sem boca,
só expressão dorida
de quem é como a morte
-Quanto de morte recebi de ti
na pura perda de possuir-te em vão
de amor que nos traiu
-Quanta traição existe em possuir-se a gente
sem conhecer que o corpo não conhece
mais que o sentir-se noutro
-Quanto sentir-te e me sentires não foi
senão o encontro eterno que nenhuma imagem
jamais separará
-Quanto de separados viveremos noutros
esse momento que nos mata para
quem não nos seja e só
-Quanto de solidão é este estar-se em tudo
como na ausência indestrutível que
nos faz ser um no outro
-Quanto de ser-se ou se não ser o outro
é para sempre a única certeza
que nos confina em vida
-Quanto de vida consumimos pura
no horror e na miséria de, possuindo, sermos
a terra que outros pisam
-Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
recebo gratamente como se recebe
não a morte ou a vida, mas a descoberta
de nada haver onde um de nós não esteja.
Jorge de Sena

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domenica

:: Jean - Baptiste Mondino...


Fotógrafo francês Jean-Baptiste Mondino além de ser uma referência em campanhas de moda (Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Christian Dior, Kenzo, Calvin Klein, ....) também actua como stylist e diretor de comerciais de perfumes e videoclipes. Já trabalhou com Björk, Neneh Cherry, Missy Elliott, U2, REM, Garbage, Alanis Morissette, Madonna, David Bowie, dentre outros...
Veja o site!

:: Chanel....







:: Chanel...


giovedì

:: Chanel....



Mulher, talvez 20 anos.Mulher dos anos 20, com certeza.O vestido leve de seda tubular resvala-lhe pela dobra escandalosa do joelho. Livre dos espartilhos usados até o final do século XIX, já mostra as pernas, os braços e usa maquilagem. Pinta a boca a carmim, para parecer um arco de cupido ou um coração. Marca bem os olhos, tira as sobrancelhas e modela-as a lápis, contrastando o efeito com uma pele enfarinhadamente branca.
O instinto de sair à noite, como um homem, faz dela noctívaga atraída pelos salões com Jazz-bands onde o estonteante ritmo do Charleston se dança. Já não quer ser fada do lar e troca o avental e os bordados pelo brilho das pérolas e o glamour das plumas. Não tem curvas nem seios e a anca é preferencialmente pequena. Fuma também em cigarrilha, gosta das novidades do cinema e da rádio, segue à risca o que aparece nos anúncios publicitários e nas revistas femininas da época e assassina as normas do eterno visual feminino à tesourada, vingando-se no comprimento dos cabelos, sem piedade.
Aparece então um novo adorno em voga: o chapéu, enterrado até os olhos e usado com os tais cabelos curtíssimos à Garçonne.
O resto do mundo vibrava com a nova aparência da sociedade feminina dos anos 20, que imitava Hollywood e as suas vedetas. Se os homens queriam ser como
Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks, as mulheres copiavam fielmente as roupas das actrizes Gloria Swanson e Mary Pickford e imitavam os gestos da provocante cantora e dançarina Josephine Baker, sempre adornada por trajes ousados. Havia ainda uma nova estilista, Coco Chanel, que teimava em fazer combinar o pouco cabelo com boinas e colares compridos. Mas em Portugal, esse país de brandos costumes e casas hospitaleiras sempre com pão e vinho sobre a mesa, chamou-se genuinamente ao corte arrapazado francês «corte à Joãozinho». Uma modernice vinda de fora que estava perto da «pouca vergonha», tinha inventado a Maria Rapaz e «colocou em perigo o símbolo da feminilidade, insinuou uma indefinição dos sexos e criou seres revolucionários que põem em causa a ordem social instituída, as normas e os preceitos em vigor e induziu atitudes transgressivas associadas à masculinização da mulher».A exigência da modernização da aparência feminina apoiada por sinais de rebeldia, irreverência, inconformismo e ousadia contra o espadachim da moral e da censura que acusava a nova tendência de ir contra os cânones da feminilidade através de uma «suposta androginia e uma virilização da mulher assumida com contornos difusos» são as ideias base para o último trabalho de Gabriela Mota Marques que conta com edição da Livros Horizonte.